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bio 

Franco Galvão é um músico que atua em diferentes campos de trabalho. Violonista, percussionista, arranjador, compositor e produtor musical, Franco tem sua trajetória marcada pela criação de projetos com grande densidade conceitual, tanto do ponto de vista musical, como histórico, social e estético.



Possuo uma carreira musical distinta do convencional, o que me proporcionou um conjunto de experiências diferentes do esperado para um músico. 

Depois de ter me iniciado no instrumento Bateria quando era adolescente, imaginei que minha vida seguiria outros rumos, sobretudo quando ingressei no curso de Ciências Econômicas na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pelo qual me formei bacharel e mestre.

Durante a faculdade, acabei entrando em contato com formas de pensar sobre a realidade brasileira e percebi como a Cultura funciona como um farol para o desenvolvimento da sociedade. Aí me aprofundei nessa temática e produzi a monografia “Padrão estadunidense de desenvolvimento em Celso Furtado e dominação cultural” e a dissertação “Os impactos das políticas públicas no mercado de trabalho da área cultural no início do século XXI no Brasil”. 

Simultaneamente aos estudos formais, a vivência universitária me deu a oportunidade de participar de grupos artísticos que têm como objetivo pesquisar e conhecer as manifestações culturais brasileiras. 

Regendo a Bateria Alcalina na Concha Acústica, em Campinas, em 2011.

Por cinco anos, fui ritmista e mestre da Bateria Alcalina, grupo de percussão que pesquisa e toca ritmos afro-brasileiros, como samba, ijexá, samba reggae, ilê, etc; e que integra o União Altaneira, bloco cultural carnavalesco fundado em 2007. Por intermédio dessa experiência, desfilei três vezes pela Bateria da Nenê de Vila Matilde, no grupo especial do carnaval de São Paulo.

Durante quatro anos, toquei zabumba no Flautins Matuá, grupo que investiga o pífano em suas diversas linguagens musicais, na presença cênica e na interatividade com o público. Com o grupo, participei do Festival do Saci em São Luís do Paraitinga (SP); do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros (GO); do Festival Spirit Brum, na Inglaterra; e do Festival Samba Al Pais, na França.

Tocando Zabumba com os Flautins Matuá, no Fesival Samba Al Pais, França, 2013

Nessa época, comecei a estudar violão de 7 cordas e cavaquinho para tocar nas rodas de samba e de choro promovidas pelos coletivos que participei. Apaixonei-me pelo violão e fiz dele meu instrumento principal, meu companheiro de estudos e de projetos. Recebi da UNICAMP a “Bolsa Aluno Artista” para desenvolvimento de conhecimentos técnicos e o prêmio “Ação Cultural” para circulação do espetáculo de violão solo “(só)LIDO” pelos campi da Universidade.

Concerto de violão solo realizado no Centro Cultural Casarão, em Campinas, 2014. Fotografia Fabiana Ribeiro.

Ainda no contexto universitário, realizei atividades que me fizeram desenvolver habilidades de produção executiva e como técnico. Idealizei e produzi o “VII Encontro de Choro da Unicamp” e o “1º Encontro de Choro de Campinas”, eventos de oito dias de duração, com aulas práticas e teóricas e apresentações musicais, em que participaram Mônica Salmaso, Antônio Carrasqueira, Maurício Carrilho, entre outros. Colaborei como técnico de luz, operador de som, stage manager e membro do coletivo administrativo do “Centro Cultural Casarão”, em Campinas. E trabalhei como técnico de som no estúdio “Venta Moinho”.

Nailor Proveta com organização do Encontro de Choro de Campinas, em Campinas, 2015. Felipe Macedo, Quésia Botelho, Isabela Razera, Nailor Proveta, Cassiane Tomilhero, Franco Galvão e Rangel Egídio. Campinas, 2014.

As vivências musicais associadas ao desenvolvimento intelectual e à experiência organizacional me conferiram uma perspectiva criteriosa sobre a realização musical e cultural, em que cada nota tocada tem o poder de representar um pedaço do passado, interferir no presente e delinear um possível futuro. Foi a partir de então que a música passou a exercer um sentido definitivamente profissional para mim.

Com o violão, passei a fazer gravações, a participar e criar espetáculos musicais.

Como acompanhador, gravei em diversos trabalhos de cultura popular tradicional, como “Eu sou Sinhá”, de Sinhá Rosária e “Peço Licença”, de Ivone Cerqueira. Acompanhei o sambista baiano Riachão, no Museu Afro Brasil, pelo Dia da Consciência Negra e fui premiado em terceiro lugar pelo concurso “Nabor Pires”, acompanhando o bandolinista André Ribeiro.

Ensaio para apresentação com Riachão, em São Paulo, 2013.

Na posição de instrumentista-intérprete, realizei uma apresentação de violão solo no Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão. Em dueto, toquei com Nailor Proveta no Auditório da Associação Docentes da Unicamp e com Eduardo Lobo na Casa do Choro, no Rio de Janeiro. Junto ao artista Mateus Crippa, fizemos uma turnê de 28 dias na Argentina. E apresentei o concerto de violão solo “Um Ano de Solidão”, transmitido online no formato LIVE.

Apresentação em dueto com Nailor Proveta, na Adunicamp, em Campinas, 2017.

Ainda assim, cansado de me sentir frustrado com a ausência de convites, passei a ter certeza de que precisava eu mesmo conceber projetos para levar minhas inquietações adiante. A velha noção de que ‘bastaria tocar bem que outra pessoa resolveria o problema’ foi morrendo dentro de mim. Fui me empoderando não apenas em relação a que tipo de música gostaria de fazer, mas também o que ela vai propor enquanto uma realização social. Então, passei a elaborar projetos que façam frente às demandas do nosso tempo, e que incorporem diversos porquês, não apenas o musical.

O primeiro grande projeto musical que organizei foi uma homenagem ao maestro Guerra-Peixe. Idealizei, recolhi os manuscritos originais, toquei e produzi um disco de recolhimento e reinterpretação dos choros do compositor, trabalho que recebeu arranjos de Jayme Vignoli e direção de Nailor Proveta. Com esse projeto, também produzi um caderno de partituras, que foi enviado para diversas instituições de ensino de música. 

Passagem de som do espetáculo Choros de Guerra-Peixe, no Sesc Jundiaí, em 2016. Diogo Nazareth, Fernando Sagawa, Nailor Proveta, Eduardo Pereira, Eduardo Guimarães, Franco Galvão e Chico Santana. Fotografia Maycon Soldan @mayconsoldan.

Pelos caminhos percorridos, fiz muitas amizades. Uma delas foi com Fernando Sagawa, saxofonista, que se tornou um grande parceiro de ideias e de música. Juntos criamos o espetáculo “Dominguinhos Canta em Três”, acompanhando a cantora Ná Ozzetti. Pelo Sesc Santo Amaro realizamos um conjunto de espetáculos musicais dedicados à Tropicália e pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc apresentamos um espetáculo sobre a obra de Milton Nascimento, em lançamento do livro “De tudo que a gente sonhou”, de Sheyla Diniz.

Apresentação musical “Dominguinhos Canta em Três”, em Campinas, 2019. Franco Galvão, Ná Ozzetti e Fernando Sagawa. Fotografia Julia Conterno.

O segundo grande projeto que organizei foi em parceria com Fernando. Em 2019, recebemos um prêmio para realizar uma residência artística no Rainbow Studio, em Oslo, Noruega. Criado pelo engenheiro responsável pela sonoridade característica da ECM Records, Jan Erik Kongshaug, o estúdio é considerado um dos principais estúdios de música instrumental do mundo, por onde passaram Egberto Gismonti, Pau Brasil, Pat Metheny, Keith Jarrett, Bill Frisell,  entre outros. Dessa experiência, trouxemos nove faixas gravadas, que dão origem ao disco “Espera”.

Fernando Sagawa na porta do Rainbow Studio, em Oslo, 2019. Fotografia Franco Galvão.

Em busca do amadurecimento musical para além da posição de instrumentista, por dois anos morei no Rio de Janeiro para estudar com o compositor e arranjador Cristóvão Bastos. Esse aprendizado me proporcionou conhecimentos sobre aspectos contemporâneos da forma de pensar o arranjo e a composição na música brasileira.

O contato com Cristóvão me abriu novas possibilidades e passei a exercer funções até então pouco exploradas. Em parceria com Fernando Sagawa, produzi e arranjei o disco “Deixa Raiar”, da cantora Gabriela Raia e, individualmente, produzi o single “Diana”, do cantor João Baima. Também compus, arranjei, editei, mixei e masterizei uma trilha sonora para o curta-metragem “Somos Tierra”, pleiteando o prêmio do concurso espanhol “Family Gil”.

Outra grande descoberta foi a composição. Tenho colocado parte significativa dos meus esforços em constituir um trabalho que seja fruto da minha criatividade e que consiga traduzir em música tudo o que experimentei e vivi. Atualmente, estou cursando Composição na Escola de Música do Estado de São Paulo EMESP, pelo qual componho e entrego peças experimentais com frequência semanal. O objetivo agora é produzir e entregar ao público um trabalho autoral! Em 2021, a Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo tocou uma música minha! Foi lindo!

Fotografia: Laura Françozo

Atualmente, estou produzindo um projeto em torno da obra de Vadico, um dos principais parceiros de Noel Rosa e que juntos compuseram os clássicos “Conversa de Botequim”, “Feitiço da Vila”, “Feitio de Oração”, “Cém Mil Réus”, entre outras. Depois de encontrar 400 páginas de partituras inéditas de Vadico em uma universidade estadunidense, desenvolvi uma proposta de memória e regravação do compositor. Faça parte do projeto! Saiba mais aqui!

Para estar próximo das minhas produções e atividades, te convido especialmente a apoiar meu trabalho. A sua colaboração contribui para que eu empurre os limites de tempo e espaço que o mundo nos impõe, abrindo margem para que a criação floresça desimpedida. Conheça minha página de patrocínio aqui, ela é muito importante para mim!